TRT julga o dissídio dos rodoviários em sessão às 14h. Foto: Guga Matos/JC Imagem
Por bem ou por mal, a greve dos motoristas de ônibus acabará nesta quarta-feira (5/7), com o julgamento do dissídio da categoria, às 14h, pelo pleno do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT6), composto por 19 desembargadores. Nesta terça-feira (4/7), por quase três horas, rodoviários e empresários tentaram chegar a um acordo sobre as negociações trabalhistas, sem sucesso. Mas nesta quarta-feira a paralisação, que já dura três dias e prejudica dois milhões de passageiros que dependem diariamente do transporte público na Região Metropolitana do Recife, terá um desfecho determinado pela Justiça. Ao TRT caberá o papel de definir o percentual de reajuste salarial a que os rodoviários terão direito, agradando ou não à categoria e ao setor patronal.
O curioso é que, quando eles defendem o reajuste das passagens, usam o custo com a folha de pagamento como argumento para convencer a todos que a tarifa deve aumentar. Mas nunca querem repassar parte desse lucro para a categoria quando chega a época de discutir o reajuste salarial. Eles conseguiram, em janeiro deste ano, um aumento de 14% na passagem e não aceitam repassar metade disso. É um absurdo”,
Na verdade, a determinação de disponibilizar 50% da frota de coletivos foi feita numa decisão liminar dada pelo TRT no fim da tarde de segunda-feira, primeiro dia da greve dos motoristas e cobradores de ônibus. Mas a ordem foi ignorada pelo Sindicato dos Rodoviários. O presidente da entidade, Benilson Custódio, argumentou ter sido notificado apenas às 8h de ontem e, por isso, não teve tempo de ordenar que os sindicalistas permitissem a liberação de mais ônibus nas garagens das empresas. “A notificação só chegou no dia seguinte e nós não obedecemos nem aos empresários nem ao Estado (Grande Recife Consórcio de Transporte). Mas assim que fomos avisados, agimos para atender à determinação da Justiça”, garantiu.
A inflação está baixa e a queda na demanda de passageiros chegou a 13%. Por isso, não temos condições de oferecer nenhum percentual acima da inflação. Esperamos que a Justiça decida essa situação e que possamos retomar o serviço de transporte o mais rápido possível. Lembrando que os rodoviários precisam garantir a presença de 50% da frota nas ruas”,
Fernando Bandeira, presidente do Urbana-PE
Expectativa é de que os transtornos sejam menores nesta quarta-feira porque 50% da frota deve estar nas ruas. Fotos: Léo Motta/JC Imagem
Desde o início da audiência de instrução e conciliação no TRT, primeiro passo para o início do julgamento do dissídio, que o clima entre rodoviários e patrões não estava para acordos. Os motoristas e cobradores de ônibus pedem 7% de reajuste salarial, 25% de aumento no vale-alimentação e que as empresas assumam, pelo menos, o pagamento de 10% do valor do plano de saúde, atualmente pago integralmente pela categoria. Os empresários, por sua vez, não apresentaram um percentual oficialmente, mas já afirmaram que o máximo seria a inflação, que no mês de maio foi inferior a 4%.
“A inflação está baixa e a queda na demanda de passageiros chegou a 13%. Por isso, não temos condições de oferecer nenhum percentual acima da inflação. Esperamos que a Justiça decida essa situação e que possamos retomar o serviço de transporte o mais rápido possível. Lembrando que os rodoviários precisam garantir a presença de 50% da frota nas ruas”, disse o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), Fernando Bandeira. O setor empresarial aposta num reajuste baixo, próximo ao índice inflacionário. Por isso, provocou o julgamento do dissídio.
Dois milhões de passageiros estão sendo afetados diariamente pela paralisação, que entra no seu terceiro dia
Os rodoviários, por sua vez, acusaram os patrões de intransigência. “Não queríamos que a negociação chegasse ao ponto de ser decidida na Justiça. É tanto que não fomos nós que pedimos o julgamento do dissídio. Mas os patrões não quiseram fazer um acordo. O curioso é que, quando eles defendem o reajuste das passagens, usam o custo com a folha de pagamento como argumento para convencer a todos que a tarifa deve aumentar. Mas nunca querem repassar parte desse lucro para a categoria quando chega a época de discutir o reajuste salarial. Eles conseguiram, em janeiro deste ano, um aumento de 14% na passagem e não aceitam repassar metade disso. É um absurdo”, criticou Benilson Custódio.