sexta-feira, 23 de junho de 2017

Risco de microcefalia no Brasil não acabou, alerta estudo

A pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz levanta a hipótese da microcefalia ser uma síndrome que se manifesta em ciclos sazonais
Publicado em 22/06/2017, às 16h30
Entre 2015 e 2016, 1.950 nascimentos de bebês com microcefalia relacionada à zika foram confirmados / Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Entre 2015 e 2016, 1.950 nascimentos de bebês com microcefalia relacionada à zika foram confirmados
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Estadão Conteúdo

Um estudo publicado pela revista The Lancet faz um retrato sobre as duas ondas de nascimentos de bebês com síndrome congênita de zika no Brasil, ocorridas em 2015 e 2016 e constata: há ainda muito a ser descoberto sobre as diferentes formas de comportamento e manifestações clínicas da doença. "As dúvidas são inúmeras. Será que, a exemplo da febre amarela, o aumento de casos de zika e consequentemente da síndrome congênita provocada pelo vírus ocorrerá em ciclos sazonais? Se sim, qual seria o intervalo, de três, quatro, cinco anos?", questiona o coordenador do trabalho, o pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz Wanderson de Oliveira, em entrevista.
A partir da análise dos dados reunidos no Sistema de Notificação de Doenças do Ministério da Saúde, Oliveira fez uma estimativa sobre quantos casos prováveis de zika ocorreram entre 2015 e 2016 no País: 1.673.272, dos quais 41.473 entre gestantes. Nesse período, 1.950 nascimentos de bebês com microcefalia relacionada à infecção foram confirmados.
"Do total, 70% ocorreram no Nordeste, logo depois da primeira onda de zika", observa o pesquisador. Na ocasião, foram identificados na região 49,9 casos a cada 10 mil nascidos vivos - uma taxa 24 vezes maior do que a média histórica brasileira.
O estudo indica que uma segunda onda de casos de zika entre gestantes foi identificada entre novembro de 2015 e agosto de 2016. Tal fenômeno, no entanto, não se refletiu em um aumento de bebês nascidos com a síndrome provocada pelo vírus. "Mesmo considerando os casos ainda sem confirmação, a região Nordeste apresentava um aumento pouco acima da média histórica de casos "


A tendência se repetiu no restante do País. Na segunda onda de nascimento de bebês com a síndrome, ocorrida no período entre setembro de 2015 e setembro de 2016, a ocorrência de registros foi significativamente menor. No entanto, observa-se que a região Centro-Oeste apresentou a taxa mais elevada, de 14,5 casos a cada 10 mil nascidos vivos. Esse resultado demonstra a ocorrência de uma segunda onda de casos de Síndrome Congênita em 2016, mas com magnitude muito inferior ao observado no final de 2015.
O pesquisador relata uma série de hipóteses que justificariam uma redução tão significativa da intensidade da segunda onda. Na primeira epidemia de zika no País, não havia ainda suspeita das consequências do vírus para o feto e, por isso, não havia prevenção adequada. "Diante da comoção provocada pelos primeiros casos, que vieram numa intensidade muito relevante, gestantes seguiram os cuidados que passaram então a ser recomendados", avalia. Diante do medo da época, muitas mulheres preferiram adiar a gestação. Além disso, os cuidados de combate ao vetor da doença, o mosquito Aedes aegypti, foram intensificados por autoridades públicas.
"Ainda é cedo para sabermos ao certo o que ocorreu, qual foi o peso de cada fator", reconhece Oliveira. Ele acrescenta, no entanto que, embora os números hoje sejam muito menores, casos novos de nascimento de bebês com a síndrome congênita continuam a ser registrados. O temor do cientista é o de que esses casos, ocorrendo de forma mais esparsa, acabem passando despercebidos também por autoridades sanitárias. "Sistemas de vigilância precisam estar muito atentos para não baixar a guarda e, sobretudo, para identificar o menor sinal de recrudescimento da doença", completa.

quarta-feira, 21 de junho de 2017


20/JUN
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Veja como votaram os senadores na reforma trabalhista

Publicado por Amanda Miranda em Notícias às 15:40
Em placar apertado, por dez votos a nove, o relatório da reforma trabalhista foi rejeitado nesta terça-feira (20) pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. Entre os dez senadores que foram contrários às mudanças na legislação está o pernambucano Humberto Costa (PT), líder da oposição na Casa que chegou a reconhecer na semana passada que a bancada pode não ter força para barrar as reformas do governo Michel Temer (PMDB). Saiba como os parlamentares votaram por partido:

PMDB

Hélio José – Não
Waldemir Moka – Sim
Elmano Férrer – Sim
Airton Sandoval – Sim

PSDB

Dalirio Beber – Sim
Eduardo Amorim – Não
Flexa Ribeiro – Sim
Ricardo Ferraço (relator) – Sim

PSB

Lídice da Mata – Não

Rede

Randolfe Rodrigues – Não
Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

PDT

Ângela Portela – Não

PT

Humberto Costa – Não
Paulo Paim – Não
Paulo Rocha – Não
Regina Sousa – Não

PP

Ana Amélia – Sim

PSD

Otto Alencar – Não

PR

Cidinho Santos – Sim
Vicentinho Alves – Sim

terça-feira, 20 de junho de 2017

Ivete Ramos assume a presidência do PT em Surubim


A vereadora de Surubim Ivete Ramos (PT) foi eleita no último sábado, dia 10, presidente municipal do Partido dos trabalhadores (PT). Ivete recebeu 389 votos e comandará o partido pelos próximos quatro anos.


A chapa de Ivete foi composta pela vice-presidente Severina Cecília de Lima Cabral e Simeão do Nascimento Duda como tesoureiro. 

Foto: Antônio Sandegi 

PF conclui que houve corrupção e pede ao STF mais prazo em inquérito contra Temer

Publicado por Amanda Miranda em Notícias às 20:39

Estadão Conteúdo – No inquérito devolvido nesta segunda-feira (19) ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal concluiu que há indícios de materialidade da prática de crime de corrupção passiva pelo presidente Michel Temer e seu ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. Embora tenha concluído essa parte da apuração, os delegados federais pediram mais cinco dias de prazo para encerrar a investigação sobre os crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.
O pedido de dilatação do prazo pela PF tem como objetivo aguardar o término do laudo final da perícia no áudio da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, do grupo J&F, com Temer. A reportagem apurou que a demora na produção do laudo se dá pela má qualidade da gravação.


No caso do crime de corrupção passiva, a reportagem apurou que a conclusão baseou-se na análise das ações controladas – uma delas que flagrou Rocha Loures correndo com uma mala de R$ 500 mil – e em dois laudos produzidos a partir da análise das conversas gravadas entre Loures e o diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud.
Saud filmou e gravou, no dia 28 de abril deste ano, encontros nos quais acertou e repassou a Rocha Loures a mala dos R$ 500 mil, em um restaurante em São Paulo. Hesitante em pegar o dinheiro naquela ocasião, o peemedebista chegou a sugerir um tal “Edgar” para buscar os valores, já que “todos os outros caminhos estavam congestionados”.
Na conversa, Saud ainda questiona se o interposto sugerido por Loures para supostamente receber valores é “o Edgar que trabalha para o presidente”. “Bom, se é da confiança do chefe, não tem problema nenhum”.
Apesar de tentar indicar outra pessoa para receber os valores, o então deputado federal acabou combinando, no mesmo dia, de pegar a mala de propinas em uma pizzaria indicada por ele, em São Paulo, na rua Pamplona. Saud também filmou o diálogo, em um estacionamento.
O valor seria entregue semanalmente pela JBS ao peemedebista, em benefício de Temer, como foi informado, nas gravações, pelo diretor de Relações Institucionais da holding. “Eu já tenho 500 mil. E dessa semana tem mais 500. Então você tem um milhão aí. Isso é toda semana. Vê com ele Michel Temer”, afirmou Saud a Loures.
Rocha Loures é acusado de exercer influência sobre o preço do gás fornecido pela Petrobras à termelétrica EPE – o valor da propina, supostamente “em benefício de Temer”, como relataram executivos da JBS, é correspondente a 5% do lucro que o grupo teria com a manobra.
Em notas anteriores, o Palácio do Planalto negou irregularidades envolvendo o presidente.


Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Em meio à crise, Temer vai a Rússia e Noruega para passar ideia de normalidade

Para endossar essa ideia, Temer gravou vídeo sobre a viagem, que será veiculado nas redes sociais do presidente
Publicado em 18/06/2017, às 20h03
Justificativa do Planalto é  de que Temer vai atrás de investimentos para o País / Foto: Agência Brasil
Justificativa do Planalto é de que Temer vai atrás de investimentos para o País
Foto: Agência Brasil
JC Online com Agência Estado

No olho do furacão de uma crise política sem precedentes no Brasil, o presidente Michel Temer viaja nesta segunda-feira (19) para Rússia e Noruega, exatamente na semana que se espera que o procurador Geral da República, Rodrigo Janot, apresente denúncia contra ele na Câmara dos Deputados.
A intenção do presidente é passar impressão de normalidade e focar nas relações de comércio. E para endossar essa ideia, Temer gravou vídeo sobre a viagem, que será veiculado nas redes sociais do presidente na tarde desta segunda.
A agenda da visita foi confirmada pelo porta-voz do Planalto, Alexandre Parola, que disse que Temer pretende atrair investimentos daqueles países para o Brasil, ampliando o comércio entre eles. O porta-voz enfatizou que o comércio com a Rússia cresceu mais de 40% nos cinco primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado, "como reflexo da recuperação econômica nos dois países", embora Temer considere que "ainda está abaixo do seu potencial". O ponto alto da viagem será o encontro com o presidente russo, Vladimir Putin, no dia 21, que também está sendo alvo de protestos em seu país.
Em seu discurso para os investidores dos dois países, além de mostrar que o governo continua disposto a dar prosseguimento às reformas trabalhista e previdenciária, entre outras, Temer falará dos novos programas a serem desenvolvidos pelo governo, como o projeto Crescer. Destacará ainda "o novo ambiente de negócios no País, de maior segurança jurídica". No caso da Rússia, o porta-voz lembrou o interesse daquele país na área de petróleo e gás, além de possibilidades de cooperação e investimento em setores como ferrovias e portos. Tanto para russos quanto para noruegueses, Temer defenderá reformas que modernizam a economia brasileira, sobre marcos regulatórios mais racionais e previsíveis e sobre as oportunidades de negócios daí decorrentes.
A Noruega, hoje, é o oitavo maior investidor estrangeiro no Brasil, com forte presença no setor de energia. Ainda em Oslo, segundo Parola, o presidente Temer "renovará o interesse do Brasil no acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), acordo cuja primeira rodada de negociações ocorreu neste mês de junho, em Buenos Aires".


Temer estará de volta a Brasília no dia 24 de junho, sábado. Até lá, O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estará no comando do País. Temer e Maia já conversaram sobre estratégias para as próximas semanas, que dependerá de quando o procurador da República apresentará a denúncia contra o presidente da República. Se Janot demorar a apresentar a denúncia, o governo já trabalha com a possibilidade de suspender o recesso parlamentar previsto para meados de julho. É que o Planalto acha que a demora tem por objetivo também deixar o presidente "sangrando" durante o recesso parlamentar, que começa em meados de julho. Com isso, mesmo adiantando os prazos nas comissões, não daria tempo de o governo resolver a questão antes do enceramento dos trabalhos na Câmara.
O Planalto acredita que tem pelo menos 230 votos, número bem além dos 172 necessários para rejeitar a denúncia. Por isso mesmo, a ideia de suspender o recesso está em alta, para que o governo consiga acelerar as votações deste processo e encerrá-lo o mais rápido possível.
De acordo com o porta-voz, Temer retornará a Brasília no sábado da semana que vem. Durante a visita aos dois países, Temer quer dar "continuidade a sua diplomacia presidencial, voltada para a universalização de nossas relações externas e orientada por prioridades concretas da sociedade brasileira", além da promoção do crescimento e a geração de empregos.
No dia 21, Temer terá agenda de reuniões com altas autoridades do Executivo e do Legislativo russos. Além de Putin, com quem " retomará diálogo sobre temas das agendas bilateral e global", Temer manterá reuniões com o primeiro-ministro Dmitry Medvedev, com a Presidente do Conselho da Federação, Valentina Matvienko, e com o Presidente da Duma de Estado, Vyacheslav Volodin. "Em todas as oportunidades, o Presidente reiterará mensagem sobre o momento de recuperação econômica do Brasil e as oportunidades que se abrem para a intensificação dos fluxos de comércio e investimentos", afirmou. Parola lembrou ainda que "o Brasil fornece 60% dos produtos de carne importados pela Rússia - e há espaço para mais" e que, "há espaço para a diversificação das exportações brasileiras para o mercado russo".

Noruega

No dia 22, Temer desloca-se para Oslo e, neste mesmo dia, reúne-se com investidores noruegueses, a quem também falará das oportunidades abertas pelas reformas em curso no Brasil. No dia 23, o Presidente da República mantém encontro com Sua Majestade, o Rei Harald V, e com a Primeira-Ministra Erna Solberg. O presidente será também recebido pelo presidente do Parlamento, Olemic Thommessen. Segundo o porta-voz, entre os temas a serem examinados, destaca-se a parceria entre o Brasil e a Noruega em matéria de meio ambiente e combate à mudança do clima. "O presidente Michel Temer enfatizará o engajamento brasileiro no cumprimento do Acordo de Paris e ressaltará o significado que o Brasil atribui à participação da Noruega no Fundo Amazônia", observou Parola, após lembrar que o Fundo Amazônia, gerido pelo BNDES, apoia, hoje, 89 projetos em áreas como combate ao desmatamento, regularização fundiária, e gestão territorial e ambiental de terras indígenas. São projetos geridos com a participação dos governos dos Estados amazônicos e da sociedade civil. Ele lembrou ainda que a Noruega é o principal financiador do fundo que, desde 2009, aportou para ele R$ 2,8 bilhões.