Auditor fiscal é alvo de
mandados durante 8ª fase da Operação Zelotes no Recife
Essa não é a primeira vez que ele é alvo da mesma
operação. Em fevereiro e em maio, ele foi ouvido e liberado.
Por
G1 PE
01/12/2016 15h02 Atualizado há 11 horas
PF cumpriu mandados da 8ª fase
da Operação Zelotes no Recife
A Polícia
Federal em Pernambuco cumpriu, nesta quinta-feira (1º), mandados de busca e
apreensão e de condução coercitiva de um auditor fiscal durante a 8ª fase da
Operação Zelotes. Essa não é a primeira vez que ele é alvo da mesma operação. Em fevereiro e em maio ele foi ouvido e liberado. A ação
investiga organizações criminosas que atuavam na manipulação do trâmite de
processos e no resultado de julgamentos no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf).
Os dois mandados foram cumpridos na residência do auditor, no bairro da
Jaqueira, Zona Norte do Recife. Ainda não foi informado pela Polícia Federal em
Pernambuco o teor do material apreendido. A identidade do auditor também não
foi divulgada.
Segundo a PF,
esta nova etapa da operação aponta a existência, entre os anos de 2006 e 2015,
de conluio entre um conselheiro do CARF e uma instituição financeira. A PF
identificou que houve sucesso na manipulação de processos administrativos
fiscais em ao menos três ocasiões.
Durante a 6ª
fase, em fevereiro deste ano, foram apreendidos na casa do auditor três
celulares, três tablets, um computador, um pendrive, um CD e dois HD's. O
depoimento dele durou um pouco mais de três horas. Na época, o o assessor de
comunicação da PF em Pernambuco, Giovani Santoro, disse que o auditor foi presidente da primeira sessão de julgamento da Carf,
entre os anos de 2011 e 2015. Ele teria poder decisório de avaliar contratos e
multas de empresas que eram autuadas pelo fisco.
Os investigados
poderão responder, na medida de suas participações, pelos crimes de corrupção
ativa, corrupção passiva, advocacia administrativa tributária e lavagem de
dinheiro.
Auditor foi alvo da Operação
Zelotes em fevereiro deste ano
Resposta
O Itaú
informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a PF fez diligência nas
dependências do Itaú Unibanco na manhã desta quinta. Segundo a instituição, o
objeto da operação foi a busca de documentos relativos a processos tributários
do BankBoston.
"Esta manhã a Polícia Federal fez diligência nas dependências do Itaú
Unibanco. O objeto da operação foi a busca de documentos relativos a processos
tributários do BankBoston. O Itaú Unibanco esclarece que em 2006 o Itaú
adquiriu, do Bank of America, as operações do BankBoston no Brasil. O contrato
de aquisição não abrangeu a transferência, para o Itaú, dos processos
tributários do BankBoston. Esses processos continuaram de inteira
responsabilidade do Bank of America. O Bank of America é, assim, o único responsável
pela condução desses processos. O Itaú não tem qualquer ingerência em tal
condução, inclusive no que se refere a eventual contratação de escritórios ou
consultores. O Itaú Unibanco permanece totalmente à disposição das
autoridades", diz a nota.
A assessoria do Bank of America afirmou, em nota, que está "cooperando
integralmente com a documentação requerida pelas autoridades brasileiras".
A
Operação
A Operação
Zelotes foi deflagrada em março de 2015. Inicialmente, apurava o pagamento de
propina a conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf)
para que multas aplicadas a empresas – entre bancos, montadoras e empreiteiras
– fossem reduzidas ou anuladas.
O Carf é um
órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo julgamento de recursos de
empresas multadas pela Receita Federal.
Em outubro de 2015, a Zelotes também descobriu indícios de venda de Medidas
Provisórias (MP) que prorrogavam incentivos fiscais a empresas do setor
automotivo.
Uma das
empresas que atuava no Carf teria recebido R$ 57 milhões de uma montadora entre
2009 e 2015 para aprovar emenda à Medida Provisória 471 de 2009, que rendeu a
essa montadora benefícios fiscais de R$ 879,5 milhões. Junto ao Carf, a
montadora deixou de pagar R$ 266 milhões.
Em 4 de
dezembro, 16 pessoas suspeitas de participar do esquema se tornaram réus depois
que a Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal no
Distrito Federal.
Segundo a PF,
mesmo depois do início da operação, as investigações encontraram indícios de
que os crimes continuaram a ser cometidos.