Moro abriu depoimento dizendo que não tem desavença pessoal com Lula
Moro disse que estava ali para ouvir Lula e proferir um julgamento ao final do processo
Publicado em 10/05/2017, às 20h55
O juiz avisou também a Lula que não haveria nenhuma possibilidade de o ex-presidente ser preso durante o depoimento
Reprodução
Estadão Conteúdo
Com informações da Agência Brasil
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Ao falar na abertura do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o juiz Sérgio Moro disse que não tem desavença pessoal com o ex-presidente e frisou que a acusação é feita pelo Ministério Público Federal.
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"Eu queria deixar claro em que pesem algumas alegações nesse sentido, da minha parte eu não tenho qualquer desavença pessoal em relação ao senhor ex-presidente. O que vai determinar o resultado desse processo no final deste processo são as provas que vão ser colecionadas e a lei", disse Moro. "Eu estou aqui para ouvi-lo e para proferir um julgamento ao final do processo", completou o juiz.
O juiz avisou também a Lula que não haveria nenhuma possibilidade de o ex-presidente ser preso durante o depoimento e que haveria perguntas difíceis, o que é "natural do ato judicial". "O objetivo é esclarecer a verdade e 'oportunizar' que o senhor tenha uma resposta para cada pergunta".
"Para quem quer falar a verdade não tem pergunta difícil", respondeu Lula.
O depoimento começou com perguntas do juiz, seguido da assistência da acusação e dos procuradores do Ministério Público Federal. Em seguida, houve um intervalo. O interrogatório foi retomado e Moro voltou a fazer perguntas. Depois, os advogados de Lula apresentaram alguns questionamentos. E por último, o ex-presidente fez suas alegações finais. Após depor, o ex-presidente participou de ato na Praça Santos Andrade, no centro de Curitiba, onde estavam concentrados manifestantes que apoiam Lula.
Sobre a acusação contra Lula
Lula foi interrogado por cerca de cinco horas na ação penal sobre o caso triplex. A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.
As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
VISITAS DE LULA
O ex-presidente disse que visitou o edifício com a ex-primeira-dama Marisa Letícia que lá encontrou "500 defeitos no apartamento", sem no entanto afirmar ter orientado uma reforma para uma compra posterior.
Depois, Moro fez referência a uma segunda visita de Marisa Letícia ao local onde fica o apartamento citado na ação. O petista disse que não tinha certeza.
"Me parece que ela esteve lá, sim. Soube pelo meu filho. Não saberia dizer o que ela foi fazer lá. Mas certamente dizer que esse apartamento era inutilizado por mim, porque, como figura pública, eu só poderia frequentar aquela praia às segundas-feiras ou na quarta-feira de cinzas", falou Lula.